Greve geral de toda a Ática – A agudização decisiva da luta
Na terçafeira,
17 de janeiro, realizouse na área metropolitana de Atenas uma greve importantíssima
e dura contra os patrões, organizada pelos três Centros Sindicais da
capital, com um grande esforço de pressão exercido pelas forças
da PAME1, e também numa das outras grandes cidades do país,
Volos, onde a greve foi convocada pelas organizações sindicais de
base, por iniciativa das forças da PAME. O objetivo da greve era dar uma
resposta da classe operária à catadupa de medidas antitrabalhadores
tomadas pelo governo da frente negra – a coligação governamental
PASOK, ND, LAOS e a troika – no sentido de tornar as relações
laborais mais flexíveis, de reduzir no futuro os salários em 150-200
euros, de abolir os subsídios sazonais no sector privado, do pagamento das
prestações da segurança social em função do desempenho
individual, contra as privatizações e a aplicação selvagem
de impostos, através do pagamento imediato de taxas, que levaram à
ruína as famílias da classe operária e das camadas populares
e conduziram centenas de milhares delas à destruição, à
sopa dos pobres e aos despejos. É elucidativo que milhares de famílias
não tenham pago as taxas imediatas, constantes da fatura da eletricidade,
e que o governo tenha começado ontem a enviar piquetes para cortar o seu
fornecimento às famílias das camadas populares.
Não foi por acaso que a greve coincidiu com a chegada
da delegação da troika à Grécia para gizar, em conjunto
com o governo, o endurecimento da ofensiva antitrabalhadores, em benefício
do capital. É sintomático que, numa questão de poucas semanas,
os patrões tenham sido beneficiados com novos subsídios e privilégios,
com
o aumento provocatório do número de negócios
subsidiados e a criação de zonas industriais onde agora, por lei,
haverá completa imunidade para o capital e os salários dos trabalhadores
serão literalmente gratificações e que, ao mesmo tempo, os
armadores tenham adquirido novos privilégios, com a liberalização
que impuseram através da abolição da cabotagem.
Esta greve e a sua preparação tiveram também
um papel mais vasto, uma vez que se realizou em solidariedade com a greve dos trabalhadores
da siderurgia. E nas duas cidades em que a greve se realizou o ambiente foi criado
pelos trabalhadores da “Greek Steelworks”, cujas três fábricas
encerraram com a greve. Esta greve tinha
sido precedida pela de 12 de janeiro, na região de Volos, no sector metalúrgico,
que abriu uma segunda frente para exercer a
maior pressão possível sobre os industriais,
que tinham despedido 65 trabalhadores da “Greek Steelworks”. Os grevistas
na fábrica de Atenas e o seu sindicato, que pertence à PAME, continuam
firmes há 80 dias, enquanto o laço se aperta à volta do
pescoço dos donos da empresa, pois a greve de ontem foi a segunda em 5 dias.
Até agora, o industrial Manessis compensou as suas perdas com a longa greve
de Atenas através da duplicação da produção nas
outras duas fábricas.
Os trabalhadores metalúrgicos de Volos, com todas as
forças de classe na região, travaram uma dura batalha e venceram;
organizados e determinados contra um mecanismo organizado composto por polícias
(o director da polícia da região de Volos exigiu que os grevistas
declarassem os seus nomes), pela burocracia sindical, esquemas furagreves, MP2
dos partidos burgueses e órgãos de comunicação
locais que gritavam “A PAME quer destruir as fábricas”.
O 12 de janeiro foi a primeira vez, desde há
24 anos, em que todas as máquinas
do complexo da Greek Steelworks,
em Volos, pararam de trabalhar. A situação
repetiuse na
3ª feira, 17 de janeiro.
Os patrões estavam tão furiosos que durante a segunda greve manipularam um turno de trabalhadores da fábrica e mandaram alguns dos seus lacaios empunhar
uma faixa com palavras de ordem contra a PAME. Apesar da utilização deste instrumento furagreves
o industrial não conseguiu que a fábrica trabalhasse.
Temos de referir que a GSEE3, o Centro Sindical
de Atenas (EKA) e as direções reformistas participaram hipocritamente
na greve só no último minuto. Mas, as mesmas forças sindicais
do PASOK e da ND que se opuseram a esta greve nas duas outras fábricas da
Greek Steelworks, que durante 80 dias não puseram os pés na fábrica
da Greek Steelworks, no dia seguinte declararam que participariam no diálogo
social juntamente com o governo e os industriais para negociarem quanto é
que os trabalhadores iriam perder.
A postura do sindicalista que representa o SYNAPISMUS (um
partido na presidência do Partido da Esquerda Europeia) no sindicato que convocou
a greve, em Volos, também foi característica. Não votou a favor
da greve, votou em branco, e fez a declaração provocatória
de que “a greve beneficia os patrões”. Com o seu posicionamento
– eles votaram, na realidade, contra a greve –, os oportunistas recusaram
na prática a solidariedade com a heróica greve de 80 dias dos trabalhadores
da siderurgia, apesar dos seus apelos oportunistas à solidariedade. Na sua
pergunta no Parlamento sobre “os custos do trabalho” o líder
do SYN, A. Tsipras, aceitou a lógica do governo (nomeadamente que o salário
do trabalhador é um “custo” – um termo que justifica o
assalto do capital aos salários, às pensões e aos subsídios
de natal e férias).
A PAME organizou uma grande reunião em Atenas, onde
falaram o presidente do sindicato da Greek Steelworks, G. Sifonius, e outros quadros
da PAME. As forças de classe declararam a sua firme determinação
em travar a luta de classes, continuar a luta na Greek Steelworks, em recusar qualquer
participação nos chamados “diálogos sociais”, em
organizar “guarnições” em todos os bairros de trabalhadores,
para evitar o corte de eletricidade a qualquer família de trabalhadores ou
de camadas populares e em agudizar a luta com uma nova greve geral.
1 PAME: sigla, em grego, de “Frente Militante de Todos os Trabalhadores”,
central sindical de classe da Grécia. [NT]
2 MP: membros do Parlamento. [NT]
3 GSEE: central sindical reformista do setor privado. [NT]
e-mail:cpg@int.kke.gr