Greve de 48 horas: a resposta aos novos dilemas intimidantes do governo e da UE
Após três
dias de discussão no Parlamento, o retocado governo obteve, na
terçafeira, 22 de junho1, um voto de confiança, com os
votos dos parlamentares do PASOK2. 155 membros do Parlamento, dos
298 que participaram no processo, deram um voto de confiança ao governo,
enquanto 143 votaram contra.
A Secretáriageral do CC do KKE3,
Aleka Papariga, denunciou o dilema intimidante que a UE e o governo colocaram
ao povo trabalhador grego:
“O ultimato da UE, da zona euro, não
é dirigido ao governo grego, que já o aceitou há muito
tempo, mas ao povo grego. E diz: baixem os braços; se o não
fizerem não receberão a quinta prestação do
empréstimo”.
Aleka Papariga assinalou: “consideramos que o povo
grego deve fazer o seu próprio ultimato. Isto é a melhor coisa a
fazer. Não pode haver nenhuma negociação radical no quadro
da UE. Também há partidos da oposição que fazem
sugestões ao governo para que tais negociações se
verifiquem. Ou se trata de uma dita solução fácil ou de
uma posição que ignora o caráter da UE. Diria mesmo que
isso é uma deliberada ignorância do verdadeiro caráter
desta aliança predadora, como lhe chamamos, apesar de ser uma frase
suave dada a corrente situação.
Assim, o povo grego deve fazer o seu próprio
ultimato. Nós podemos assinalar o que a UE, o governo da ND4 e
do PASOK, a burguesia grega – todos os seus setores: industriais,
armadores, banqueiros, comerciantes, etc. – devem ao povo grego”.
Da tribuna do Parlamento, a Secretáriageral do CC
do KKE fez um apelo aos trabalhadores para que ignorassem os dilemas
intimidantes e assumissem uma parte ativa na luta: “agora que o povo abre
os olhos e o medo desperta consciências – porque há
também o medo do despedimento – o KKE defende com mais intensidade
a posição de que o povo deve tomar nas suas próprias
mãos a propriedade dos meios de produção, assim como dos
recursos naturais”.
As forças de classe que se aglutinam na PAME5
apelam a uma greve de 48 horas, logo que o governo apresente no
Parlamento o novo pacote de medidas antipopulares.
22/6/2011
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1 22 de junho
foi uma quartafeira e o voto de confiança foi aprovado na madrugada
desse dia; daí a confusão com a terçafeira [NT]
2 Sigla grega
do Partido Socialista, que, como em Portugal, faz parte das forças que
defendem e praticam políticas de direita – o PASOK elegeu 160 dos
300 deputados do Parlamento grego [NT]
3 Comité
Central do Partido Comunista da Grécia [NT]
4 Nova Democracia,
partido de direita, que governou a Grécia antes do atual governo do
PASOK. [NT]
5 Frente
Militante de Todos os Trabalhadores, central sindical de classe da
Grécia [NT]
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