Luta com característica de conflito de classe
A
maior manifestação dos últimos anos, em Tessalônica, aconteceu na
tarde de sábado, dia 10 de Setembro, organizada pela PAME (a Frente
Militante de Todos os Trabalhadores) e as Frentes dos pequenos agricultores,
dos estudantes e das mulheres da Grécia, contra as políticas predatórias
do governo social-democrata, a União Europeia (EU) e o FMI.
A
manifestação teve lugar na ocasião da abertura da Feira Internacional
de Tessalônica, que foi inaugurada pelo Primeiro Ministro, que tem
persistido na linha política contra o povo e os trabalhadores e anunciou
novas medidas que irão encolher a renda da população.
Em
sua fala, no momento da manifestação, Sotiris Zarianopoulos, membro
da PAME, chamou todos os trabalhadores e todas as camadas populares
para promover uma atmosfera combativa em todos os lugares, fortalecer
suas lutas e preparar a próxima greve geral.
Milhares
de manifestantes marcharam no centro da cidade contra o clima de medo
e a intimidação que o governo busca cultivar. As tentativas de criar
um cenário com incidentes em torno da manifestação da classe trabalhadora
falharam. Mesmo se a mídia televisiva internacional buscasse focar,
mais uma vez, na atividade provocativa de grupos pequenos, a realidade
que eles queriam esconder era a de dezenas de milhares de trabalhadores
que manifestavam com palavras de ordem e bandeiras militantes da PAME.
As
palavras de ordem “A crise e a dívida não pertencem ao povo,
elas surgiram através dos lucros do capitalismo”, “O
capitalismo não pode se tornar humano”, “Trabalhador, sem
você nenhuma engrenagem pode girar. Você
pode fazer sem os chefes” ressoaram nas ruas de Tessalônica.
As
manifestações da classe trabalhadora combativa aconteceram de maneira
organizada e bem protegida.
Devemos
notar que no sábado de manhã uma manifestação dinâmica e massiva
aconteceu em Atenas, onde a Secretária Geral do CC do KKE, Aleka Papariga,
participou e expressou a seguinte afirmação:
“Precisamos
deixar de lado nossos medos, ilusões, hesitações, caso contrário
nos encontraremos, literalmente, de costas para o muro, o povo trabalhador,
a classe trabalhadora, especialmente a juventude. Neste momento a contagem
regressiva deve começar pelo renascimento e pela contra-ofensiva do
movimento”.
Na
mesma noite, na sua fala no festival KNE-ODIGITIS, em Patras, Aleka
Papariga notou que “É recorrente uma séria possibilidade de
que, antes que uma recuperação substancial seja feita, uma nova crise
econômica, com dimensões mundiais, se manifeste. Também
é possível que a competição entre estados capitalistas seja aguçada
e que as forças centrífugas sejam observadas. Sem a agressiva intervenção
da população os resultados serão imprevisíveis, catastróficos,
e com novas conseqüências negativas. Por essa razão o povo não pode
ser espectador, fatalista, sentir medo e estar desorientado”.
Não
é exagero dizermos que estamos assistindo uma cessação de pagamentos
de salários e pensões na Grécia. Não é exagero o fato de que a
Grécia estará ainda mais envolvida e profundamente ameaçada pela
concorrência dos poderes imperialistas na região que, com as armas
da OTAN e os mecanismos repressivos e militares da EU, intervirão,
abertamente, com o intuito de adquirirem esse ou outros mercados. O
perigo é grande, já que a burguesia nacional busca tomar parte, ativamente,
dessa luta, indiferente aos direitos soberanos do país – leal à
sua perspectiva de classe. O país é pensado de forma diferente pela
população, de um lado, e pelos capitalistas e seus partidos, do outro.
Não
é exagero prever que – nas condições do aumento do desemprego e
da pobreza, enquanto a luta de classe está mais evidente – chegaremos
à queda do governo, que os processos relativos ao chamado governo “de
salvação nacional” vão acelerar ou variar em, por exemplo, alianças
governamentais de centro-esquerda, etc. Pode haver rápidas alternâncias
de governos, impasses conjunturais e/ou maiores impasses nas tentativas
de se alcançar a estabilidade do sistema político burguês.
Nas
condições em que o sistema político burguês vem sendo abalado, o
povo deve estar completamente pronto para levar a situação adiante,
ampliar as rupturas e os impasses do sistema, mover em contra-ataque,
colocar como objetivo a superação do poder dos monopólios”.
A Secretária Geral do CC do KKE afirmou ainda que “lutamos com características de conflito de classe, ruptura e superação, para que possamos ganhar tempo, para que possamos forçar o oponente, o governo, os grandes empresários e a União Europeia em um recuo temporário, pelo menos, para que possamos organizar o contra-ataque principal, com apoio e solidariedade internacional: pela superação do poder dos monopólios, pelo poder popular da classe trabalhadora, pela economia popular que fará das pessoas as donas da riqueza, protagonistas no renascimento em todos os níveis, do controle popular e da economia para o sistema político e as relações internacionais do país”.
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